Eu e meu barco
Quantas alegrias e aventuras
O único meio de esquecer a vida dura
Quantas historias encima daquele velho barco
Seu nome era Plutarco
Muitos não acreditam no que me fez se aposentar
Mais eu juro que vai te fazer pensar duas vezes antes de ir para o mar
Isso você pode apostar
Era inverno
E fazia um frio de gelar os ossos
Um frio dos infernos
Uma época boa para pescar
Uma época boa se você quiser se lascar
Já estava navegando fazia um tempo
Não sei se dormi pendurado no timão em pleno relento
Só sei que ele apareceu
Primeiro foi um vulto negro
Depois apareceu um dos tentáculos
E para o meu desespero
Começou quebrar meus mastros
Queria levar meu barco para dentro do mar
Eu iria para um lugar
Onde nunca mais precisaria pensar
A criatura emergiu
E eu vi seus olhos negros
Negros como o mais terrível dos meus medos
Ele olhou para mim como se soubesse o que me esperava
Eu encarei ele e fiquei serio
Era a primeira vez que ele via alguém que não chorava
O que você quer com o meu barco?
Quer me colocar medo?
Que destruir o velho Plutarco?
Acha que eu não sei do seu segredo?
Ele não sabia quem eu era
Mas eu sabia o que ele fazia
Ele apenas ficava afundando barcos
A espera
De seu grande amor
A espera
De alguém que pudesse curar a sua dor
A espera
De alguma coisa que o matasse
E fizesse com que toda aquela dor parasse
Ele me olhou novamente
Deixou meu barco, e se afundou
Foi embora, mas não para sempre
Ele era um monstro
Mas parecia muitos homens que eu tive o desprazer de conhecer
Afinal que não mata para encontrar uma resposta?
Nem todos ao meu entender
Mas existem monstros em todos os lugares que se possa imaginar
Das terras mais hostis, até o mais belo mar.
Guilherme Secchi de Oliveira
Inspirado pela obra de Ernest Hemingway "O Velho e o Mar"